Total de visualizações de página


terça-feira, 22 de janeiro de 2013

E chegou 2013 - Mais do mesmo

Interessante... Como depositamos tantas expectativas em algo, sendo que a verdadeira mudança está conosco. Encerrei o ano com reencontros marcantes com o pessoal que trabalhei na extinta Casa de Detenção e iniciei 2013 reencontrando com alguns antigos reeducandos que formaram o grupo "Comunidade Carcerária", expressando em suas letras de rap o universo carcerário, as diferenças sociais e a dificuldade do retorno à sociedade. Quando converso com as pessoas e o assunto chega na carência social do Brasil, toco no tópico de quem um dia foi preso e acaba gerando muitos choques e indignações. Observo como algumas pessoas tentam se justificar, tentando eximir-se de culpa, pq pagam impostos, possuem vida trabalhadora e honesta, como se o outro fosse diferente, ou se já tivesse nascido bandido/traficante/criminoso. No discurso da posse do Presidente americano Barack Obama, ele frisou a igualdade e o respeito com as mulheres, homossexuais e imigrantes. Deveria estender também às pessoas em situação prisional e de vulnerabilidade social, independente de sexo, origem, cor, etc. Abaixo segue a letra do grupo "Realidade Crual" - Dia de Visita. Sinto uma grande vontade de chorar ao ver a minha mãe aqui vindo me visita talvez se eu tivesse pensado um pouco mais, talvez hoje eu estaria atras de uma cela num pátio de um presidio numa triste tarde de domingo é foda mano você não sabe é triste pra sobreviver em paz aqui tem que ser firme veja as fotos penduradas na parede de madrugada quem deve aqui treme, chora, sofre, pede para não morre na lei da cadeia é matar ou morrer, eu agradeço pela visita graças a Deus ainda tenho família, tenho uns conhecidos, tenho uma pá de mano, na rua no presidio uma pá de mano, 15 anos pra puxa de detenção latrocínio na ficha de um ladrão sinto uma grande vontade de chora ao ver minha mãe aqui vindo me mata. Mãe como vai lá em casa, como anda os manos da quebrada, diga pros mano que mandei lembranças, da um abraço bem forte nas crianças Mãe como anda lá em casa, como anda os manos da quebrada, como anda o Duda, como anda o Flavio, como anda o Mi, o Pixote e o Renato, como anda os manos do João Paulo cadê o Kenno se estão todos em paz tá valendo , Rã veja só como é este lugar aqui eu sinto cheiro de morte no ar, aqui raramente se fala de amor, aqui constantemente é puro sofrimento e dor, desespero ódio vingança aqui não tem criança nem me ligo nas lembranças, um regime cruel interno pra dentro do muro um verdadeiro inferno Treta toda hora no meu pavilhão seguro não, não é lugar de ladrão não, sinto uma grande vontade de chora ao ver minha família aqui vindo me visita, visita, visita, visita... Mãe como vai lá em casa, como anda os manos da quebrada, diga pros mano que mandei lembranças, da um abraço bem forte nas crianças Meu filho vem correndo e me abraça eu já não contenho as lagrimas todo dia na cela eu mesmo digo mais para de pensa é impossível em liberdade fugir deste lugar cadeia nunca mais detenção nem pensa lá em cima fica a minha janela a minha bíblia a minha jega eu devia ter pensado na hora agora é tarde parceiro é foda eu lá com revolver na mão dentro da mansão cara a cara com a vitima e o patrão cuzão meu parceiro se aproxima e fala senta o dedo sem dó maluco mete bala cata o dinheiro e as jóias que esta no cofre carro ligado lá fora a gente sai no pinote tudo certo na seqüência tudo combinado plano bolado tudo esquematizado cena trágica correria imagina a minha agonia e ai a reação mano eu nem pensei sangue frio até a alma eu bum atirei veja só até que ponto que o dinheiro sinto na pele que agora a mão de Deus pesa minha mãe minha família meu filho numa triste tarde de domingo sinto uma grande vontade de chorar ao ver minha mãe aqui vindo me visita Mãe como vai lá em casa, como anda os manos da quebrada, diga pros mano que mandei lembranças, da um abraço bem forte nas crianças.

Nenhum comentário:

Postar um comentário